sexta-feira, 28 de maio de 2010

IMPEDIMENTOS


Quando a mãe carinhosa e previdente coloca uma cadeira na porta da cozinha para evitar que o filhinho, que ainda engatinha, entre, ela o faz para que ele não se queime no fogão aceso, não derrame sobre si água fervente da chaleira, ou não apanhe a faca de sobre a mesa, ou não mexa em produtos químicos debaixo da pia. A criança, é claro, não gosta desse impedimento e chora, se esforça para entrar. Mas a mãe sabe o que faz, pois a criança, ingênua, não tem ainda capacidade de visualizar os perigos a que estará exposta se entrar naquele ambiente.

Ora, se nós, seres ainda atrasados, agimos assim por amor aos nossos filhos, porque não esperar o mesmo procecimento da Divindade Eterna que nos criou e orienta os nossos passos no caminho da eternidade? Por essa razão a vida de cada um de nós está cheia de impedimentos, colocados por mão amorosa que procura evitar que nos magoemos nos caminhos da vida.

Vemos, ao nosso lado, a maioria das pessoas impedidas de ter acesso às riquezas, sendo obrigadas a severa disciplina para ganhar o sustento de cada dia. Muitas choram, esperneiam, fazem loucuras incríveis para obtê-la, mas não conseguem. Se isso ocorre é porque a riqueza, em suas mãos, seria um veículo de queda espiritual. Na dificuldade, o orgulho, a prepotência, a preguiça, a falta de ordem, a crueldade não tem condições de crescer.

Outros indivíduos, desde criança, estão impedidos de gozar boa saúde e se vêem obrigados, assim, a pensar no corpo físico a vida inteira e cuidar dele quando nascem surdos, mudos, cegos, defeituosos ou com moléstias congênitas incuráveis.

Inúmeras mulheres estão impedidas de ter acesso ao casamento, que lhes daria respeito consideração, afeto, carinho, e outras ainda não participam da maternidade que coroa a vida feminina com a grandiosidade de ser mãe!

Quantas crianças, ao nosso lado, estão impedidas de ter acesso à educação e a cultura que as livraria de tantos sofrimentos e percalços, e outras a um lar, onde o amor aqueceria suas vidas sofridas. Ao observar esses fatos e outros que aí estão á nossa vista, a fé de muitas pessoas, no decorrer dos tempos, esfriou, isso porque as religiões, que nos dizem filhos de um Pai bondoso, não esclarecem convenientemente esses fenômenos.

Mas a sabedoria Divina, através do Livro dos Espiritos, nos remeteu o Consolador prometido nas escrituras sagradas. E por ele, hoje sabemos que em cada existência somos colocados na situação que melhor convém ao nosso adiantamento espiritual. Nossa vida não é produto do acaso....

Orientado por Deus, tendo em vista o nosso progresso espiritual, é previsto, antes de nascermos, o nosso futuro corpo físico, suas imperfeições, deficiências ou aleijões que surgirão no decorrer da vida. É considerado pelas sabedoria divina pelas consequências que isso trará, o país de nosso nascimento, a raça, a posição social dos pais, sua cultura e religião. É preciso que nossa passagem pela terra seja coroada de êxito.

Todos nós, portanto, encontramos inúmeros impedimentos no decorrer da existência, glorifiquemos a Deus. Essas lutas nos irão aperfeiçoar e o sofrimento nos iluminará. Não é agradável por certo, nossa posição no momento. Mas se nos submetermos a educação que nos está sendo dada, colheremos os seus frutos, que ainda não conseguimos visualizar, como a criança impedida de entrar na cozinha.

A vida é uma escola, sabemos disso, e numa escola nos fixamos o olhar no professor e executamos todos os seus movimentos e atos até aprendermos. Se somos cristãos, nosso professor é Jesus, devemos fazer e agir na vida como ele os ensinou . Amemos uns aos outros e superaremos todos os nossos atuais impedimentos.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

A PREGAÇÃO

Não deis aos cães as coisas santas.
Jesus

Certamente ninguém cuidará de abrir o seu coração em confidências íntimas aos seus mais encarniçados inimigos e muito menos alimentará as alimárias que possui com os pratos finos e saborosos da sua própria mesa. Seria um contra senso. Em tudo devemos respeitar a medida das coisas, demonstrando sempre equilíbrio e bom senso.
Devemos trocar confidências e demonstrar nosso amor e carinho àqueles que nos possam compreender e retribuir, com atos, as provas de amizade e amor que lhes ofertamos. Devemos convidar para sentar-se conosco à mesa aqueles que saberão apreciar as iguarias que lhes entregamos para saborear.
Dentro desse mesmo princípio, seria desperdiçar nosso Latim e nosso tempo e uma tremenda falta de tino se, a título de salvar almas pecaminosas, fossemos pregar lições evangélicas nos prostíbulos. As pessoas, nesses locais, viciadas e debochadas, além de não nos compreender absolutamente, iriam nos envergonhar e nos destruir com suas atitudes, gestos e palavras obcenas.
Devemos ensinar o Evangelho, é verdade, mas não podemos ser imprudentes. Jesus procurava nas sinagogas as ovelhas desgarradas da casa de Israel, não na rua. As condições de vida hoje sao outras, por isso seria desperdício de tempo e tomado a conta de louco aquele que saísse pelas ruas convocando as pessoas ao arrependimento e pedindo que se amasem umas as outras fraternalmente, como fazia João Batista às margens do rio Jordão
Da mesma forma, seria muita infantilidade do aprendiz do Evangelho querer divulgá-lo nas altas rodas da sociedade, aos ricos, aos politicos, aos detentores dos poderes terrenos. Essas condições transitórias não os habilitam ao entenedimento do amor fraterno, muito ao contrário.
Todavia, o aprendiz deve divulgá-lo diariamente, a todo instante, onde quer que esteja, não com palavras, mas com exemplos de amor, de fraternidade, de honradez, de justiça, porque somente o exemplo fala ao coração e ao intelecto de quem deseja sinceramente transformar-se para o bem.
Devemos usar os locais próprios para cada fim. Assim como a oficina é local de trabalho, a igreja, é de oração, mas o mundo é onde devemos praticar o amor ao próximo ensinado por Jesus.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

TESOURO ESCONDIDO

O reino dos céus é semelhante a um tesouro que, oculto no campo, foi achado e escondido por um homem, o qual, movido de gozo, foi vender tudo o que possuia e comprou aquele campo.
Jesus.

Para transmitir seus ensinamentos, Jesus usava imagens simples, tiradas do cotidiano das pessoas. No caso, como naqueles tempos remotos não existiam bancos, nem cofres, as pessoas, para guardar o que de mais valioso possuiam, enterravam dentro da própria casa ou em algum lugar no seu terreno. Algumas vezes, se o local não fora bem sinalizado, lá ficava até alguém descobrí-lo.

Numa outra ocasião, Jesus alude ao fato de uma mulher que perdera sua moeda e depois achando-a ficou contente. Ela naturalmente a enterrara e não mais sabia onde e quando achou passou a gritar de alegria.

Ele disse claramente que, onde estivesse o nosso tesoouro, ai estaria o nosso coração, recomendando que não deveríamos acumular tesouros na terra onde os ladrões roubam e a ferrugem corrói, mas no céu. Ao moço rico que desejava adquirir a vida eterna ele diz: "vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu".

Todavia, atrasados intelectual e espiritualmente, e por isso mesmo cercados de dificuldades de toda espécie, vemos nas riquezas materiais um meio de alcançar na terra a felicidade tanto sonhada. E vamos, assim, à cata de tesouros. Hoje não mais enterrados em terrenos. mas em negócios lucrativos, que nos propiciem lucros exorbitantes. As leis civis e religiosas condenam o roubo, a fraude, mas o homem não as houve e com astúcia as burla, daí o aumento das prisões e dos processos que abarrotam a justiça.

Nesse estado de espirito, incapazes de ver além do horizonte da vida material, está longe dele a pratica das virtudes cristãs recomendadas por Jesus, e que abririam as portas do céu.

Mas por maior que seja o tesouro acumulado na terra, no plano espiritual ele perde completamente o seu valor, pois lá vigoram somente as virtudes que devem ser adquiridas na vivência física, tais como honestidade, paciência, fé, caridade e amor ao próximo, que geram obras construtivas de interesse ao bem estar coletivo.

O campo está aí, dentro da nossa própria moradia, que é o corpo no qual habitamos. Mas cegos pelo egoismo é difícil vê-lo e somente quando formos curados dessa cegueira é que podemos encontrar nele o tesouro escondido e, aprimorando-nos no conhecimento e na bondade, adentrar o reino dos céus.