segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O MERGULHO

O mergulho, ou banho do batismo que se faz ao encarnar, representa a metanoia que o indivíduo se propõe a executar. O banho lava-o d0 passado e ele trabalha agora num novo caminho. Enfrentará o diabo no deserto, passará fome, comerá pedras se for preciso, como diz a parabóla, mas não voltará aos caminhos de outrora, que foram de violências, de lutas fraticidas, de descrença. Ele aprendeu que Deus é Pai amoroso e misericordioso e jamais desampara seus filhos, mesmo se forem atirados do pináculo do Templo
Mas o que faz o indivíduo chegar a esse ponto de convicção? Será que ele comeu ou bebeu alguma coisa que afetou o seu oganismo, sua mente, dando-lhe disposição nova? Ou por acaso a dor, opressiva, dilacerante, alterou seus fundamentos íntimos, predispondo-o a tudo sofrer sem reclamações, acreditando-se filho de Deus? Será algo interior ou exterior que leva a pessoa a procurar novos caminhos para conquistar seu bem estar, a felicidade?
Não acreditamos que seja produto de coisa exterior que se coma ou beba como alucinógenos ou drogas, produtos de solidão e desencanto, mas certamente é produto de maturação, de compreensão forçada pelo carisma de alguém que conseguiu fazer a pessoa entender, acender a chama interna do amor, inserida no coração humano. São palavras, são fatos vistos ou relatados que têm o condão de ativar a chama oculta no íntimo do ser.
O mergulho na outra face da nossa vida requer confiança em si mesmo, por que toda transformação requer primeiro a destruição completa do edifício em que nos assentamos, mais das vezes por longo tempo. Mas sem coragem, arrojo, determinação, nada se faz de duradouro e eterno.
Avante filhos de Deus, o futuro nos aguarda sorridente.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

SALVE MARIA !


Quase todas as mães dos grandes vultos da humanidade ficam em segundo plano na vida em relação aos seus filhos -- e isso não incomoda ninguém. Mas quando se trata da mãe de Jesus, o ser mais perfeito que passou pela terra, as pessoas ficam ávidas por saber como seria ela fisicamente, quais suas qualidades pessoais, suas virtudes e sua origem para merecer tão súbita honra.

Muito pouco se sabe a seu respeito e ninguém poderia imaginar, na ocasião, que de modesta familia hebréia nasceria o maior lider espiritual do mundo. Sabe-se que tinha a beleza pura das moças de sua raça e que foi educada para o matrimônio, como a maioria das meninas de então, no Colégio de Jerusalém. Podemos imaginar que, aliada à simplicidade que lhe era inata, fosse amorosa e profundamente devotada a Jeová.

A maternidade é sagrado seviço espiritual. Forças superiores são mobilizadas e desenvolvidos cuidados especiais para garantir o sucesso do nascimento. E como entre mães e filhos existe uma afinidade magnética, os pensamentos do ser que a mãe acolhe no seu ventre, envolvem-na totalmente. Por isso Maria, durante a gravidez, via belíssimas entidades espirituais e as elevadas vibrações do filho em gestação propiciavam-lhe sublimes emoções e alegria intraduzíveis. Ela vivia em estado de graça.

Crer, porém, que ela engravidou-se por obra do espírito santo, com o diz a lenda, é inverossímil. Deus não derrogaria suas leis perfeitas somente para que nascesse uma criança, embora ela pudesse vir a ser o salvador do mundo.

O Evangelho, ao relatar fatos da vida de Jesus, menciona ter ele tido irmãos e irmãs, nomeando-as. Diz Matheus: "porventura não é ele (referindo-se a Jesus) filho do oficial carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E acrescenta: "e suas irmãs, não vivem entre nós? Estas chamavam-se : Ana, Andréia e Elizabeth."

O pai, José, pelo que se sabe, era tido como um justo, ou seja, um profundo repeitador da Lei mosaica. Era viúvo quando casou-se com Maria, trazendo consigo os filhos do primeiro casamento, o que prova que ela criou, além dos próprios filhos, os enteados. Por isso é de se supor que os trabalhos diários, de arrumaçao do lar, o preparo da comida, a lavagem das roupas do marido e das crianças, a educação deles, deveria absorver quase todo o tempo de Maria.

Como, porém, em todas as pequenas cidades, afastadas do tumulto de Jerusalem, a vida era simples e pacata, sempre sobrava tempo para o entendimento fraterno entre as famílias. O primogênito de Maria devia ser alvo dos comentários das vizinhas, por se tratar de uma criança de beleza invulgar.

Não deve ter causado estranheza que, em crescendo, pelo seu saber e bondade maifestas, tornou-se divulgador das leis de Deus e, desde cedo, aglutinou em torno de si seguidores, devido sua liderança inata. Isso deveria ser muito grato a Maria, bondosa e meiga, que seu filho fosse, como o pai, muito religioso e amado por todos de Nazaré.

Jesus inicou sua pregação aos 30 anos e Maria, então, provavelmente, já deveria ter netos das filhas e filhos casados, dedicando-se naturalmente a eles. Não acompanhava o Mestre na sua peregrinação e trabalho, divulgando suas idéias evangélicas. Sabe-se, porém, que esteve presente em algumas das suas pregações acompanhando-o junto com os discípulos. Certa ocasião mostrou sua preocupação com os caminhos que tomava sua liderança espiritual, pois era público e notório que escribas e farizeus, invejosos, procuravam enquadrá-lo como violador da lei, o que era perigoso.

Após a crucificação e morte de Jesus Maria auxiliou na divulgação do Evangelho ao lado do apóstolo João, com quem morou até o seu desenlace, bem idosa, em Éfeso, na Grécia, Ali contava a todos que a visitavam, detalhes e particularidades de Jesus.

O que chama a atenção de todos é o tremendo impacto sofrido poe elas, ao ver seu filho, bondoso, amoroso, inteligente, ser cruelmente crucificado como se fora um reles bandido. A imensa dor de Maria transformou-se em dor para todas as mães do mundo, e sua alegria a de todas as mulheres que têm a ventura de ser mãe.,

Os pintores, com imaginação fertil procuram pintá-la com traços doces e olhar meigo, sereno. Na realidade ela foi a mulher mais maravilhosa do mundo, pois do seu ventre nasceu Jesus, nosso Mestre. Salve Maria !

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A VIDA DE KRISHNA


Crêem alguns, e não são poucos, que a existência de Krishna é um mito. Todavia, na origem de uma grande nação existe sempre um grande homem e é de se admitir que na India primitiva tivesse surgido um reformador iluminado que, com sacrifício da sua vida, desse a ela a sua alma religiosa, a doutrina que contém duas idéias-mães: a imortalidade da alma e as existências progressivas pela reencarnação.
As tradições hindus afirmam que Krishna viveu cerca de 1.400 anos antes de Cristo e sua história e doutrina constam da grande epopéia Hindu, o Mahabharata e nos escritos complementares, principalmente no Bhagavad-Gita. Ele seria, assim, como Jesus é para os cristãos, a encarnacão do ser supremo.
Diz a sua história que ao tempo do rei Kasmsa um sacerdote teria previsto o nascimento do dominador do mundo, tendo como mãe Devaqui, irmã desse rei. Este rei, instigado pela esposa, que era estéril, resolveu matar a irmã. O sacerdote em sonhos foi alertado e ajudada por ele Devaqui foge do palácio e embrenha-se na floresta, onde foi recolhida por pastores.
Vasixta, um anacoreta, declarou que "ela será a mãe de todos nós, porquanto dela nascerá o espírito que deve nos regenerar". Devaqui, fecundada pelo espirito dos mundos, passa a ter visões sublimes, e ouve vozes celestiais que lhe dizem: "Glória a ti Devaqui! Ele virá auroleado de luz, esse eflúvio puro emanado da grande alma, e as estrelas hão de empalidecer diante do seu esplendor"
Aos pés do Monte Meru nasceu Krishna, nome dado por causa da sua cor morena. Os pastores o chamavam de "radiante" pois bastava a sua presença e o seu sorriso e os grandes olhos para espalhar alegria. Ali, Krishna passa a sua infância. Diz-se que mais tarde, o rei Kamsa, desconhecendo a sua origem, o toma por condutor do seu carro e primeiro conselheiro. Mas, numa ocasião, ao defrontrar-se com o anacoreta Vasixta na floresta, este lhe declara que Krishna é o filho de Devaqui, sua irmã. O rei imediatamente apanhou o seu arco e disparou uma flecha paara matá-lo, mas esta desvia e mata o ancião. Krishna que estava sentado diante do ancião levanta-se, mas o rei foge.
Krishna retira-se para o Monte Merú e fica em meditação durante 7 anos, findo os quais passa a ensinar sua doutrina ao povo. Entrava pelas cabanas e demorava-se nas vilas, ajudando e consolando os pobres. A multidão agrupava-se à sua volta, ouvido-o pregar a caridade para com o próximo e dizendo que os males que afligimos aos outros nos perseguirão como a sombra persegue o corpo. Ele dizia que o homem honesto deve tombar sob os golpes dos maus, e como a árvore do sandalo que, ao abater-se, perfuma o machado que a destruiu. Dizia mais, que quando o homem esquece a sua miséria pela dos outros, Vishnu (Deus entre nós) se manifesta e enche o seu coraçao de ventura. Ele pregava o culto do Eterno e todos se maravilhavam de encontrar Deus tão perto do coração quando o filho de Devaqui falava. A fama do santo de Monte Merú expandiu-se por toda a India.
O rei Kamsa continuava a reinar e certa ocasião mandou prender Krishna, mas os soldados, frente ao profeta, depois de ouví-lo, recusaram-se a cumprir a ordem, dizendo: "nós juramos levar-te ao rei, prêso em cadeias de ferro, mas é impossivel fazê-lo, pois tu nos libertas-te das nossas".
Um dia Krishna entra em Madurá, seguido por seus discípulos e todos o aclamavam sob uma chuva de flores, como o herói do Monte Merú e profeta de Vishnu. O rei, não podendo prendê-lo por causa do povo que o amava, mandou espiões seguí-lo e, numa ocasião que ele orava, flechas criminosas, disparadas pelos arqueiros de Kamsa, fazem-no tombar. Enquanto o sangue brotava dos ferimentos Krishna exclama: "Vasixta, os filhos do sol são vitoriosos". E quando a flecha mortal o atinge ele diz: "aqueles que me amam, entrem comigo na luz". O sol desapareceu, um grande vento se elevou e uma tempestade de neve caiu sobre a terra. O céu escureceu e um turbilhão negro varreu a montanha.
O corpo de Krishna foi queimado por seus discípulos na cidade santa de Duarca. A multidão julgou ter visto o filho de Deus sair dentre as labaredas com um corpo de luz. Desde esse dia, uma grande parte da India adotou o oculto a Vidshnu. Há nesse culto várias divisões, das quais as principais são a seita dos Bhagatas e a dos Pancharatras. O Bhagvad Gita é o principal livro sagrado dos Indus, e assim como o Sermão da Montanha resume a doutrina do Cristo, aquele livro contém toda a doutrina de Krishna.

Fonte: Os grandes iniciados de Edouard Schuré

domingo, 5 de dezembro de 2010

APARIÇÕES


É inquestionável, neste mundo materialista em que vivemos, no qual as pessoas só acreditam no que vêem, o enorme poder das aparições. Através de trama psicológica inexplicável elas transformam, modificam o caráter, e traçam novos rumos á vida daquelas pessoas que as vêem.

Moisés, o patriarca judeu, vagando pelo deserto, disse ter visto Deus, face a face, por entre a sarça ardente e, por isso, se elegeu o condutor do povo hebreu, então escravizado pelos Egípcios, com a missão de libertá-lo.

Esse povo, por seu turno, ouve no sopé do famoso Monte Sinai, onde se dizia estar Deus, vozes, sonidos de buzinas, vê relâmpagos, faíscas elétricas, fumaça e sente a terra tremer, enquanto Moisés conversa com Jeová! A partir daí, acredita no poder desse Deus, que passa a respeitar até os dias atuais.

Maomé, proeminente mercador em Meca, na Arábia, sobe ao cume de uma montanha, no deserto, para um breve descanso e, no silêncio da noite viu desenrolar-se, acima do horizonte, um pergaminho, com escritos em letras de fogo e ouviu uma voz vinda do céu que o elege "mensageiro de Deus". Desde então, "só Alah é Deus e Maomé o seu profeta". Nasceu uma nova religião, que abriga milhões de pessoas. E assim, individual e coletivamente, vão as aparições modificando as pessoas, obrigando-as a reconsiderar os princípios em que se enclausuravam, adotando outro modo de viver.

Jesus, divino mestre, lança na terra árida de Israel as sementes de uma doutrina pacificadora, esplendorosa, de amor uns pelos outros, desde que todos são filhos de um mesmo pai: Deus. Entrega-se em hoilocausto para fazê-la frutificar, mas nem por isso pode abrir mão de demonstrar, por aparições, a continuidade da vida após a morte. conforme pregara.

Após sua crucificação mostra-se às mulheres e na estrada de Emaus, aparece e dialoga com discípulos e, depois, portas cerradas, surge em espírito na reunião dos seus apóstolos, que se mostram atônitos e incrédulos. Um deles chega a exigir provas, colocando os dedos nas feridas deixadas na mão pelos cravos da crucificacão.

Mostrou-se ao mundo, depois de morto, com roupagens terrenas, com as quais, aliás, a fértil imaginação popular elevou-o aos céus, de vez que, por razões desconhecidas, seu cadáver foi subtraído do sepulcro. Criou-se uma lenda paras embalar crianças, uma vez que o corpo físico é feito para o ser movimentar-se na terra e não para viver no céu.

A conversão de Paulo de Tarso é bem típica. Combate ele com todas as suas forças as idéias Cristãs de perdão às ofensas, da imortalidade da alma e sua ressurreiçao após a morte. Mas, em sendo surpreendido, na Estrada de Damasco, pelas aparição de Jesus, opera-se nele uma instantânea transformação. De perseguidor passa a discípulo e indaga, entre incrédulo e maravilhado: "Senhor, o que querres que eu faça?". E vida afora passou a divulgar as idéias de Jesus, transformando-se em seu principal arauto.

De fato, a razão, a lógica, ainda não são o forte dos homens, que desejam ver para crer em alguma coisa. Muitos, mesmo vendo não crêem, taxando o fenômeno das manifestaçoes espirituais como alucinação. O resolver o problema da imortalidade da alma com instrumento tão falho como é a vista humana, só ocasiona erros, precisando de mitos e lendas para justificar a fé, como até agora tem sido feito.
Desde que porém surgiu, na cidade luz, no século passado "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec, coodificando as informações do além tumulo, por intermédio de médiuns, os crentes não precisam mais basear suas convicções sobre a vida futura em aparições, que talvez nunca os surpreendam, em lugarres escuros, ermos, incomuns. Nem precisam se curvar a lendas, mitos, e as fantasias criadas pela imaginação dos homens. Basta acompanhar o estudo sistemático das obras desse maravilhoso mestre francês para descobrir e conquistar o maior tesouro do mundo para o trânsito existencial: o bom senso.