quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A semente que germina por si só

O reino de Deus é como um homem que lançou a semente da terra; ele dorme e acorda, de noite e de dia, mas a semente germina e cresce, sem que ele saiba como. A terra por si mesma produz o fruto; primeiro a erva, depois a espiga e, por fim a espiga cheia de grãos. Quando o fruto está pronto, imediatamente se lhe lança a foice, porque a colheita chegou.
Marcos 4.30


A Biblia de Jerusalém traz, no rodapé deste texto, um pequeno comentário, dizendo que: "O Reino de Deus possui em si mesmo um princípio de desenvolvimento, uma força secreta que o leva até a sua plena realização.

Esse princípio é, segundo a doutrina dos espíritos, a chamada lei do progresso, à qual ninguém pode furtar-se. Desde que o espirito foi criado por Deus, simples e ignorante, é compelido a realizar-se, independentemente da sua vontade - pois o simples viver (acordar e dormir) o obriga a isso.
Nos minerais e vegetais o principio é o mesmo; una força o coage a realizar o seu trabalho.

Falando especificamente do homem, é dito no antigo testamento, que ele deve comer o pão com o suor do seu rosto. Essa luta pela sobrevivência faz com que ele, sem o saber, desenvolva todas as potencialidades ocultas no seu intimo. A inteligência, a força, a sagacidade, a bondade e o amor, aos poucos vai aparecendo a medida que as encarnações, cheias de lutas e dores, vão se sucedendo. Ele ignora como isso ocorre e enquanto alguns se extasiam diante do espetáculo da Natureza, e das mágicas apresentadas, vendo ai a mão de Deus, outros , na sua ignorância, nada percebem e nem creem num poder superior.

Hoje o homem conhece perfeitamente o processo completo do desenvolvimento dos vegetais, sabendo explicá-lo, até às minúcias. Mas quanto a si próprio, ainda ignora de onde veio, o que faz na terra e para onde vai depois que morre. E mais: não sabe o que ele próprio é! e quais as leis que regem a sua vida fisica e espiritual.
Por isso, como o milho mencionado por Jesus, ele se desenvolve e cresce movido e impulsionado por princípios e forças ainda secretas para ele. O reino de Deus chegará para todos nos, um dia, pela força da lei do progresso que os espiritos do Senhor desvelaram aos homens de boa fé e crentes no poder Divino. É de se esperar de todos, que não coloquem empecilhos e embaraços ao seu pleno desenvolvimento, o que ocorre quando não se segue o principio de nos amarmos uns aos outros, como recomendou Jesus.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

D E S A P E G O

Antes que se possa falar em presença dos Mestres deve-se ter perdido toda possibilidade de ferir.
B. Gitâ


O que observamos no mundo atual resume-se em lutas de classes, anseios de posse de bens terrenos, em ambição desenfreada, desejos de mando, de poder, de auto afirmação, cada qual pensando só em mesmo, no seu progresso material a qualquer custo. Ora, luta significa dor, sofrimento entre os seres que levantam bandeiras diferentes para cada um dos valores pelos quais luta. Para que possamos nos erguer diante dos Mestres ascensorados e falar, é preciso cessar as as hostilildades. É preciso ter paz interior, possuir a incapacidade de ferir outrem, por atos ou palavras ditas ou pensadas.
Para atingir esse ponto é sumamente indispensável a alma ter adquirido a noção da imortalidade, o conhecimento das leis que determinam os reais valores que lhe são dados ao nascer, a capacidade de governar suas emoções e renunciar a luta, comum no ambiente em que vive.
Ninguém pode, em sã consciência, clamar por justiça quando o seu coração está endurecido pelo ódio, pelo rancor, ansioso de vingança. Aquele que compreende as leis de Deus sabe que não existe no mundo o que chamamos injustiça. Tudo o que recebemos em nossas vidas é o retorno de ações praticadas por nós em outras ocasiões, ou vidas passadas. Quando a criança se entrega aos cuidados dos pais começa a compreende-los, as duvidas cessam.
O apostolo Paulo referiu-se determinada ocasião que o discípulo deve ter a estatura espiritual do Cristo, numa imagem idêntica a do Bhagavd Gitâ. Embora não aponte os grandes sacrifícios para atingi-la, bem sabemos os esforços para isso. Isso é sacrifício porque exige renuncia de tudo o que faz parte da nossa individualidade.
É uma completa renovação do ser, que sofre nesse caminho, por fazer grande esforço para subjugar tudo que o mantém preso e vinculado à matéria e faz parte daquilo que mais valoriza: sua individualidade.
Quando de sua passagem pela Terra, numa certa ocasião, Jesus convidou um jovem a abandonar todos os seus bens e segui-lo, para ganhar o céu. O jovem ficou muito entristecido com a condição imposta e não foi com o Mesre porque era rico. Faltava-lhe ainda, embora fosse cumpridor da lei, o desapego dos bens terrenos.
Esta é uma das muitas provas pelas quais deverá passar o discipulo antes de se levantar diante dos mestres espirituais.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

GOSVANI - o controle da mente

Dizem os escritores espiritualistas da India que se realmente desejamos progredir espiritualmente deveremos nos tornar "Gosvanis", que significa termos o perfeito controle dos nossos sentidos e da nossa mente. Eles argumentam que no mundo inteiro as pessoas religiosas, sem esse controle, fazem como o elefante que entra na água, regala-se no banho, mas assim que sai para a margem do rio, atira lama por todo o corpo. De que adianta então o banho?

Em todos os templos das religiões do mundo as pessoas oram e pedem a Deus orientação e proteção para resolver os problemas e dificuldades das suas vidas -- e as recebem, naturalmente, se confiarem. Mas, ao saírem do templo, puros e limpos, cheios de boas intenções, voltam a sujar-se com as mesmas idéias que tinham quando entraram para rezar, pelo simples fato de não terem controle da mente e dos sentidos. De que adianta então rezar?

Por que não conseguem elas dominar e controlar seus sentidos e mentes? Para compreendermos isso, é preciso entender que o progrresso individual é conquistado por meio de experiências feitas pelos nossos sentidos fisicos. Fugimos do que nos maltrata e nos aproximamos do que nos agrada. Mas muitos não fazem assim, por mais estranho que possa parecer.

Adquirimos nossos conhecimentos pela audição e visão, que são as janelas abertas para o mundo exterior. Então todos somos alertados pelos pais, pelas autoridades civis e religiosas, que não devemos roubar, pois se o fizermos, poderemos ser presos e maltratados. Uma pessoa inteligente, que usa o seu raciocínio, aprende apenas ouvindo: quando ouve que não se deve roubar e fica sabendo que os ladrões são presos e maltratados, abstêm-se de roubar.

Outras porém, não tão inteligentes, não usam o raciocinio, e terão primeiro que ser presas e castigadas pelo roubo para aprenderem que não se deve roubar. Outra, igualmente tolas podem ver um ladrão ser preso e maltratado, mas ela também, não controlando o seu desejo irá roubar e será castigada até aprender que não se deve fazer isso.

Também pode ocorrer, e é muito comum, que a pessoa tenha ouvido falar que não se deve roubar, ter roubado, sido presa, apanhado na prisão e mesmo assim, ao ser solta, continuar roubando. Em tais casos ela faz como o religioso que ora a Deus pedindo perdão das suas faltas e proteção, mas ao sair do templo continua o mesmo. Não modifica seu proceder, que é a causa dos seus males. Falta-lhe a força de vontade suficiente para o dominio de sua mente e dos seus sentidos. Quando isso ocorre surge o sofrimento.

Enquanto uns fogem da dor e procuram a alegria e o bem estar no trabalho honesto, no estudo, no repeito as leis de Deus e dos homens, outros ignorantes, rebeldes, procuram a dor, o sofrimento, enfrentando as leis dos homens e o poder de Deus. Em tais casos, infelizmente, só resta aguardar que o tempo faça o seu trabalho e que eles aprendam, a duras penas, que a vida é equilibrio, amor, e que devemos nos amar uns aos outros.