quarta-feira, 15 de junho de 2011

AS CILADAS


No capítulo 23, o Evangelho de Mateus esclarece que Jesus formulou diversas parábolas para mostrar com o que se parece o reino de Deus e cita a do rei que preparou um grande banquete para o casamento do filho e enviou seus servos a chamar os convidados e nenhum deles veio, chegando ao cúmulo de maltratarem seus mensageiros. Com raiva o rei mandou suas tropas atearem fogo na cidade desses convidados e determinou aos servos a convocação todos os que se achavam nos caminhos e ruas para o banquete, fossem eles bons ou maus.
Diz o evangelista que depois disso os farizeus se reuniram para "achar um jeito" de apanhar Jesus em contradição, o que serviria de motivo para o prenderem. Mateus não menciona, mas se deduz que os judeus entenderam claramente que a parábola dizia respeito a eles -- que se consideravam um povo eleito por Deus e já haviam maltratado alguns profetas que os alertavam para o fiel cuprimento da Lei.
Ele cita também que alguns herodianos, espécie de polícia de César, que dominava a cidade. Indagaram se deviam pagar imposto a Roma. Claro estava que, se Jesus dissesse que não deviam pagar imposto a Roma ele seria preso na hora pelos herodianos ali presentes e, se, por outro lado , confirmasse a necessidade de pagar o imposto, estaria contra a população que odiava a dominação romana e considerava o pagamento de imposto uma situação vexatória e humilhante.
Jesus, porém, vendo a malícia deles pediu uma moeda e indagou de quem era a efígie nela gravado. Jesus sabia muito bem, mas fez eles falarem. E eles responderam que era de César. Então lhes disse o Mestre: "Dêem a César o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus." A frase, naturalmente, confundiu a todos, que se retiraram contrariados.
Nesse mesmo dia, alguns saduceus, os materialistas da época, que não acreditavam na ressureição, propuseram a Jesus o problema de um homem com 6 irmãos que morreram sem deixar filhos. A esposa passou, sucessivamente, por seis maridos, por força da lei de Moisés que manda o irmão mais velho casar com a viúva, quando este morre sem deixar filhos. Os saduceus queriam saber de qual irmão ela seria esposa na ressureição.
Esclareceu Jesus que na ressureiçao não há casamentos pois cada um é como os anjos do céu, alertando-os, porém, para o fato da ressurreição ser verdadeira, porque Deus disse ser "Deus de Abraão, Isac, Jacó" ou seja, Deus de vivos, não de mortos.
Conta Mateus que o povo estava impressionado com o Mestre, menos os farizeus, que imaginavam enredá-lo de alguma forma com as autoridades. Certa ocasião, acompanhados de um advogado, indagaram qual seria o mandamento mais importante da lei de Moisés. É evidente que se o Mestre particularizasse este ou aquele, o advogado ali presente encontraria um meio de jogá-lo contra o povo ou os romanos.
Jesus, porém, englobando numa síntese maravilhosa todas as leis divinas numa única, lhes disse: "Ame a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo. Esta é a Lei e os profetas", concluiu.
Ao analisarmos as leis promulgadas por Moisés no Monte Sinai, constatamos que ele particularizou, de forma simples, as necessidades daquele povo, de temer a Deus, não matar, não roubar e não desejar a mulher do próximo, ao passo que Jesus
determina que se deve amar a Deus e ao próximo.
Issso implica em termos como direito nosso aquele que primeiramente outorgamos ao nosso semelhante, coisa difícil para quem não acredita na paternidade divina, por isso só a cumpriremos quando estivermos em condições de cumprir o primeiro mandamento de amar a Deus sobre todas as coisas.


sexta-feira, 3 de junho de 2011

O I M P O S T O


Na ocasião em que o Mestre Jesus fazia sua peregrinacão pela terra, existia uma lei, em Israel, que isentava do pagamento de tributos os descendentes de reis, na qual ele se enquadrava, uma vez que ele era descendente se Davi, o maior rei que Israel teve. E sucedeu que tendo ele chegado a Cafarnaum, Pedro foi interrogado pelos cobradores de impostos, se Jesus não o pagava.
Jesus, inteirado do fato, indagou de Pedro de quem recebiam os reis os impostos, dos seus filhos ou de estranhos? Ao que Pedro respondeu: dos estranhos. Então, Jesus concluiu: logo são isentos os filhos e continuou , mas para não haver escandalos, pague. Em seguida disse que ele acharia a moeda na boca de um peixe, assim que atirasse o anzol ao mar .
Aqui vemos mais uma bela lição dada pelo Mestre, de como manter nossa liberdade, alegria e paz. Não depender de coisa alguma que nos prive dela. O Mestre sabia que, em todos os tempos, para a maioria das pessoas causa repulsa, revolta, quando não raiva o fato de terem que pagar os impostos reclamados pela autoridade constituida.
Para não terem que pagá-los, muitos omitem dados em suas declarações, adulteram, fazem trambiques, dando clara mostra de avareza. Sem entrar no mérito da questão, o que Jesus desejou nos ensinar é que temos uma aliança com a sociedade em que vivemos e devemos sempre cumprir suas leis, boas ou más, mesmo no caso de os impostos nos pareçerem injustos.
Jesus tinha razão porque ele era descendente de rei e o próprio povo, inclusive escribas, farizeus e publicanos o aclamavaam como o "Filho de Davi ". Ele atendeu à solicitaçao dos cobradores de impostos, embora não precisasse.
Ele nos ensina com isso que nós não devemos nos preocupar demais com os bens terrenos "que os ladrões roubam e a traça e a ferrugem destróem", mas buscar sempre o reino de Deus e sua justiça.
Ora, se pagamos os nossos impostos em dia teremos paz de espírito, não dependemos de coisa alguma que venha privar nossa liberdade, o que não acontece se recusamos contribuir com o Fisco pois, como devedores, nos tornamos escravos dele.
Quanto ao dinheiro que Pedro, acharia na boca do peixe atirarando o anzol no mar eu particularmente acho uma inclusão indevida, fantasiosa no relato evangélico. Jesus não era um mágico, nem advinho, como se pretende apresentá-lo, mas um excepcional educador. Porque buscar na boca de um peixe o pagamento do imposto se os discípulos tinham algumas posses, tanto que o resonsável pelo dinheiro era Judas, como dizem os relatos evangelicos.