terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

NOSSAS DORES


Que profundas  transformações psicológicas trazem ao indivíduo os longos períodos de enfermidade em que ficou acamado, em casa ou em leito hospitalar, às vezes à beira do óbito que o rondava?
Só Deus sabe, mas de qualquer forma, nessa situação, dependendo do caráter do indivíduo, o sofrimento trouxe o abatimento do orgulho, o florescimento da esperança, do amor aos seus, a observação da fragilidade da existência  humana. Em muitos casos, esse estado, próximo à morte evitou erros e injustiças e gerou profundo amor à vida.
O sofrimento é e sempre será um ótimo remédio para a reforma individual, sem sombra de dúvida, mas não somente as dores físicas encaminham para a renovação; a perda de vantagens financeiras no trâmite da vida, com as quais o indivíduo se habituara, leva-o a novos esforços no  campo profissional, livrando-o de vícios comprometedores e das aventuras impróprias às quais a folga financeira conduz as pessoas menos avisadas.
O sofrimento nos salva, muitas vezes, de desentendimentos familiares cujas soluções futuras serão difíceis. Em todos os casos, leva o indivíduo a pensar em Deus e a voltar-se à religião, que o constrange a tratar do aprimoramento do caráter e traz a união na luta comum para a reconquista de bens perdidos. De tal maneira a perda de recursos materiais livra os indivíduos da avareza -- medonha deformação do caráter -- que o peso do ouro em demasia ocasiona pelo medo da sua falta.
Ademais, as inúmeras preocupações diárias necessárias para manter riquezas provoca medos de assalto que em, muitos casos, se transformam em verdeireras fobias e conduzem ao enclausuramento  das pessoas. Livre disso, a mente torna-se mais arejada e receptiva às renovações.
Também o sofrimento pela perda comum de afetos que ocorrem  ao longo da existência faz com que as pessoas mudem seu modo de ver a vida, torando-as melhores mais compreenssivas, mais ponderadas e amorosas.
Por isso, não devemos ver nas provacões que a existência nos proporciona tão somente a dor presente -- que  nos calcina, maltrata e humilha --, mas é preciso atentar também para os resultados positivos que trarão no futuro em nosso caráter. Não confiemos, nunca, na aparências, mas tenhamos absoluta certeza que tudo que nos sucede traz o dedo de Deus para aprimorar nossas experiências, tendo em vista  o glorioso futuro que nos prepara. Devemos agradecer, pois, por tudo que nos acontece, a Deus, supremo mantenedor da vida. Afinal o que vale não é o que nós queremos, que bem pode nos causar mal, mas o que Deus nos reserva, porque é isso que merecemos sempre e só nos trará o bem.