segunda-feira, 26 de novembro de 2012

PREGAR NO DESERTO...

Esta frase é um simbolismo e quando a proferimos estamos querendo dizer que não fomos ou seremos atendidos, seja por falta de compreensão do ouvinte ou por seu completo desinteresse sobre o que falamos. 
Poderíamos dizer, por igual propriedade, plantar no deserto, lugar árido impróprio para o plantio pois não possui no solo os ingredientes necessários, e não tem o elemento indispensável ao desenvolvimento de qualquer vegetal, a água -- mas em compensação sobeja o sol causticante que mata a planta no nascedouro. 
Ao sair do batismo da purificação, no lavatório da água, o crente, despojado das impurezas, deseja se modificar cultivando a fé, mas tropeça a cada passo. 
É acalentado por companias tradicionais, agradáveis, das quais separou-se para tentar novos caminhos, mas é sempre tentado a voltar e continuar na mesma situação. Está só e sente fome do afeto das antigas amizades. Suas idéias novas ainda não se fortaleceram e pode faltar-lhe a necessária confiança no novo caminho no mundo onde entrou. Deve orar se quiser suplantar essa fase por que precisa de ajuda. 
Jesus expôs a situação na parábola do crente que, batizado no rio Jordão, se encontra logo depois num deserto onde chega o tentador na figura do diabo. Quando sente fome é tentado abandonar a crença e resiste até vencer a todas as tentações e se firmar em Deus. Recebe a coroa de vencedor e é então onde a felicidade e a alegria o acompanham. 
Os que falham na tentativa de vencer a si mesmos são como semente que o semeador deixou cair na beira da estrada. No dizer de Jesus, nessa parábola falta-lhe a necessária fé e são mais atraídos para o transitório do que para eternidade. 
Há que se pregar o Evangelho, embora a terra seja ainda um imenso deserto, em relação às coisas do espírito. Sim, devemos pregar a bondade e o amor para que possamos descansar na sombra acolhedora da paz, que só a consciência do dever cumprido nos dá.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

CARTA A TITO

Paulo, na carta a Tito, faz inúmeras recomendações sobre como ele deveria  agir na organização da igreja que fundara em Creta, e pela qual ele respondia. Primeiro para constituir presbíteros nas cidades , mas observar que não  fossem briguentos, beberrões, mas  bondosos  e hospitaleiros. 
Fala também dos deveres dos fiéis, que deveriam ser caridosos -- inclusive as mulheres --, e que ele particularmente deveria ser um exemplo para todos pela sua conduta íntegra na exposição da verdade, expressando-se numa linguagem digna e irrepreensível. 
A seguir, lembra dos deveres gerais dos fiéis que deveriam submeter-se às autoridades constituídas, obedientes e sempre prontos para qualquer trabalho. Não difamar ninguém mas serem delicados com todos. E recorda a Tito que "também nós erramos noutro tempo". 
A propósito de sermos delicados com todos, tratando-os com carinho e amor, Humberto de Campos narra uma passagem de Pedro bastante sugestiva. Conta ele que quando Pedro administrava a casa do caminho com outros discípulos, onde socorriam os necessitados e pobres, ele se aborrecia quando aparecia por lá antigos conhecidos que não tinham vida sadia, eles eram beberrões, briguentos, vadios, ladrões, mulheres de vida fácil e toda espécie de criaturas alheias à religião. Então apontava seus defeitos diante de todos e os menosprezava de maneira rude, humilhando-os por causa dos seus defeitos morais. 
Certa ocasião, após o contínuo trabalho do dia, sentou-se numa cadeira e cobriu o rosto com as mãos para meditar, e assim estava quando alguem chamou-o e ele disse bruscamente sem se mover, que o expediente estava encerrado e nada podia fazer. Ele notou que a pessoa se adiantara e ele viu seus pés que continham marcas de suplício. Tirando as mãos do rosto e levantando a cabeça ele divisou o Mestre Jesus à sua frente. Ele admirou-se e, levantando, disse da sua alegria em vê-lo, e perguntou no que poderia ser útil. 
O mestre disse  que desejava que ele tratasse todas as pessoas que o procurassem com carinho e amor, esquecendo o passado de cada uma, e vendo nelas um irmão necessitado de carinho e amor. 
O que Paulo recomendou é justamente isso: que devemos tratar a todos com amor e carinho, estar sempre dispostos a ajudá-los, sempre que for preciso. Emmanuel por sua vez, comenta esse trecho da carta de Paulo fazendo comparações bem apropriadas como a do martelo que colabora na feitura da estatua mas não deve bater no mármore indiscriminadamente. O remédio amargo que cura mas reclama da dosagem certa.Não devemos ter ações imprensadas; na terra somos milhões de espíritos imperfeitos. Se desejamos ajudá-los não podemos ser intolerantes, mas devemos nos cobrir da imensa dose de paciência e entendimento. 
Jamais atingiremos nosso objetivo apontando os defeitos do nosso próximo e pondo o dedo em chagas não curadas ao todo. Nós mesmos passamos pelos circuitos indesejáveis. Se nos encontramos com o desejo de ajuda ao próximo não sejamos promotores mas sim subamos na tribuna do sacrifício como advogados dos nossos irmãos falidos, pois eles querem como nós, alguem que os ajude.

O PERISPÍRITO

Muitas pessoas não conseguem imaginar a vida após a morte, e os que crêem na existência do espírito ou da alma não sabem como seriam, imaginando-se, como algo transparente, vaporoso, uma espécie de fumaça ou algo parecido. 
A doutrina dos espíritos veio esclarecer o assunto, mostrando como nós devemos imaginar o espírito.
O corpo físico na verdade é uma organização provisória que serve de instrumento para manifestacao do espirito imortal fazer sua marcha progressiva em busca do seu criador. 
O perispírito é o corpo definitivo do espírito, cuja existência não pode ser calculada por nós ainda. Por milhões de séculos de contínuas transformações que o espírito sofreu passando pelos reinos da natureza até chegar no estado atual de humano, ser racional e dotado de livre arbítrio.
Pode-se imaginar a imensa complexidade de todos os seus órgãos que, como se disse, pré-existe ao nascimento do corpo físico ou transitório. Para entendê-lo devemos considerar que o universo todo se encontra interpenetrado de uma energia que se adensa por todo o orbe na forma de substância astral. O sol, os planetas, os asteróides todos possuem um fluido astral que os envolve. É precisamente essa energia que o perispírito absorve tornando-o vibratório, dinâmico e quanto mais evoluído o espírito mais perfeito ele é. Assim, os órgãos do corpo físico nada mais são do que cópias ou modelos da matriz existente na substância etéreo astral e dele se constitui a perfeita fisiologia do corpo.
Como ele é extremamente sensível os desregramentos mentais tais como a cólera, a ira, a violência, o ódio, produz nele lesões que vazam para a constituição física em forma de doenças. Essa a razão pela qual devemos nos preocupar com a saúde mental, tornando-nos amáveis, gentis, bondosos, pacíficos, como recomendam todas as religiões. 
Isso nos esclarece também o fundo místico do sermão do monte, pregado por Jesus, quando diz "O reino dos céus será dos mansos, pobres de espírito, caridosos, aflitos dos misericordiosos, dos puros de coraçao, dos que promovem a paz e dos perseguidos".