quinta-feira, 13 de setembro de 2012

INICIAÇÃO

Nas escolas  iniciáticas da antiguidade, antes do pretendente ser admitido na revelação dos mistérios, devia ele fazer voto de renúncia, cujo ritual era denominado de "batismo". O pretendente era então mergulhado na água que simbolizava sua limpeza do homem antigo, e passava  por vários testes ou provas para confirmar sua verdadeira intenção -- e somente após poderia ser admitido  no templo para receber os conhecimentos iniciais.
Na Judéia surgiu João Batista, às margens do rio Jordão concitando o povo a se apartar da ira divina, arrependido dos seus crimes, batizando com água aqueles que assim o desejassem. Suas palavras eram candentes chamando os pecadores de "raça de víboras". Dizendo-se ele próprio  preparador  do caminho para aquele que viria e os batizaria com fogo, diante do qual ele não era digno de calçar as alpercatas. 
Eis que surge então, a figura meiga de Jesus para ser por ele batizado. João titubeia, dizendo ser ele que deveria ser batizado, mas Jesus declara que o ritual deve ser cumprido. Após o mergulho nas águas do Jordão nasce o fenômeno registrado pelos apóstolos, como a descida do Espírito Santo sobre Jesus. 
Comenta o evangelista João as regras que devem ser obedecidas por todos quantos forem batizados - os que pretendem melhorar de vida. Numa historieta, na qual era colocado o próprio Jesus como iniciante, são representadas as tentações que o diabo o submete e que devem ser superadas em cada fase da iniciação. Somente após a superação dessas estaria então o candidato apto a ser admitido nos ensinamentos dos mistérios. 
Que mistérios seriam esses afinal, que eram tão bem guardados e só revelados após essas provas de coragem intima do candidato? Nos templos gregos a pessoa ficava conhecendo a cosmogonia universal por meio dos chamados mitos. Aprendia no singelo resumo aqui mencionado que a força universal é criadora do cosmo, e se manifesta por nós em espírito e matéria. Suas criações, os seres, também obedeciam essa duplicidade denominando-se psique (espírito) e mente.O espírito é imortal e estava preso à terra, ao corpo, pelas tentações que subjuga somente. O problema é livrar a mente das tentações e voltar às origens, ao reino do espírito.Pelo estudo que clareava a mente pela prática do bem, isso era possível. 
Os estudos e explicações iam se aprofundando na medida em que o candidato se mostrava apto a entendê-los e apresentasse desejo sincero de melhora.Ao povo em geral esses conhecimentos não eram explicados em detalhes, mas eram contadas histórias fabulosas dos deuses. Porém, no interior do templo, elas eram desveladas como força da natureza em constante movimentação.
O povo hebreu contudo já tivera a sua primeira iniciação com Moisés, que recomendava pelos dez mandamentos amar ao criador e ao próximo. Com Jesus essa iniciação foi ampliada com o ensinamento da reencarnação, da manifestação dos espíritos e da completa renúncia dos bens materiais, a mansidão e o entregar-se em holocausto a divindade eterna, aceitando de boa mente todas as lições da vida. 
Não era mais praticada no recinto de um templo, mas nas praças, nas ruas, cuidando dos doentes e necessitados. Cada seguidor de Jesus deveria ser um templo público e deveria ser professor das suas convicções."Sois o sal da terra e a luz do mundo, se o sal perde o sabor e a luz não ilumina pra que serve? Se um cego der a mão a outro cairão no buraco." Contou ainda Jesus, para bem gravar na mente popular (tais como os mitos gregos) ensinando a prática da sua doutrina. 
Para demonstrar a providência divina ele contou varias parábolas, como a do pastor que sempre corre atrás da ovelha desgarrada. Para ensinar o amor ao próximo, conta a parábola de um homem assaltado por bandidos e achado quase morto na estrada e amparado por um ateu -- onde já havia passado um padre e um crente --, que o recolheu cuidando de seus ferimentos e deixando-o  em uma estalagem com recomendação de cuidarem dele.Para dizer que Deus está sempre convidando o pecador ao arrependimento, relata o convite do rei para as bodas de seu filho, para dizer na alegria do pai pelo retorno do pecador (parábola do filho prodigo). Assim, desse modo peculiar transmite a um povo simples tudo que eles precisam fazer na vida para se libertarem do jugo da matéria e entrarem no reino do espírito e se amarem uns aos outros.
Será que a humanidade compreendeu sua mensagem gravada com o seu próprio sangue nas areias da Galiléia?

Nenhum comentário:

Postar um comentário