terça-feira, 9 de março de 2010

VISÃO INTERIOR

Conhecem só o que é momentâneo
B.Gita

A visão interior somente surge na pessoa após uma elevada soma de existências, nas quais o espirito é burilado pelas circunstâncias que seu grau evolutivo criou.
É fácil de se comprovar observando-se a vida de um cego: ele nos causa compaixão e dó pelos inúmeros tropeços a que está sujeito quando se movimenta e pelas tremendas limitações do seu mundo exterior. Sua dependência é quase total. Ele aprende, desde cedo, a ter calma e o máximo cuidado no seu viver diário, prestando atenção em tudo o que faz, pois não sabe o que irá encontrar pela frente. Com o tempo porém fica um pouco mais a vontade no seu mundo, nele se acomodando.
Os que enxergam lamentam essa situação e bem gostariam de dar-lhe visão a fim de que pudesse usufruir de um mundo fantástico, infinito e perfeito em tudo: luzes, cores e formas. Narrar a um cego as belezas da natureza é tarefa muito ingrata pela falta absoluta de termos de comparação .
É tarefa ingrata também fazer as pessoas carentes de visão interior, compreender a grandiosidade do mundo que as espera, num futuro próximo, quando experiências necessárias fizerem surgir a sua terceira visão. Entrementes, limitadas que estão desse conhecimento, viverão neste mundo somente o momento presente, no qual se comprazem e no qual se movimentam, desacreditando possa existir outro, pois não o veêm.
Essa falta de visão faz com que não percebam os perigos a que estão expostas e, quando advertidas, não crêem. Quando se machucam clamam pela proteção divina.
O mundo está cheio deles. É o caso do fumante que não consegue ver as consequências fatais que ele terá no futuro; ou o habito de beber alcoólicos em demasia, da ingestão de gordura animal, das necessidades higiênicas e dos inúmeros cuidados fisicos recomendados pela medicina e ciência oficial, que a maioria teima em ignorar.
Além dos perigos físicos, acrescente-se a irreligiosidade e sua coorte nefasta de desatinos que o orgulho, a prepotência, o ciume e a inveja trazem consigo, de consequências também inevitáveis no futuro, ocasionando quedas dolorosas na elevação do ser eterno.
Jesus costumava dizer " os que têm olhos de ver que vejam e os que têm ouvidos de ouvir que ouçam" -- o que parece estranho e um contra-senso a alguns. Na verdade. pode-se ter bons olhos e não ver e ter ouvidos mas não ouvir, porque deve-se ter visão e ouvidos interiores para se enxergar e compreender certas coisas. Jesus dizia que se um cego conduzir outro cego, ambos caiarão no buraco; estava bem claro que ele se referia à falta de visão do espírito, que é a de quem enxerga não com a visão do corpo pois esta é mero instrumento da existência física.
Conhecer somente o que é momentâneo é viver como as crianças, ignorando o futuro, os perigos e desconfortos que o mau uso do presente trará um dia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário