terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A VIDA DE KRISHNA


Crêem alguns, e não são poucos, que a existência de Krishna é um mito. Todavia, na origem de uma grande nação existe sempre um grande homem e é de se admitir que na India primitiva tivesse surgido um reformador iluminado que, com sacrifício da sua vida, desse a ela a sua alma religiosa, a doutrina que contém duas idéias-mães: a imortalidade da alma e as existências progressivas pela reencarnação.
As tradições hindus afirmam que Krishna viveu cerca de 1.400 anos antes de Cristo e sua história e doutrina constam da grande epopéia Hindu, o Mahabharata e nos escritos complementares, principalmente no Bhagavad-Gita. Ele seria, assim, como Jesus é para os cristãos, a encarnacão do ser supremo.
Diz a sua história que ao tempo do rei Kasmsa um sacerdote teria previsto o nascimento do dominador do mundo, tendo como mãe Devaqui, irmã desse rei. Este rei, instigado pela esposa, que era estéril, resolveu matar a irmã. O sacerdote em sonhos foi alertado e ajudada por ele Devaqui foge do palácio e embrenha-se na floresta, onde foi recolhida por pastores.
Vasixta, um anacoreta, declarou que "ela será a mãe de todos nós, porquanto dela nascerá o espírito que deve nos regenerar". Devaqui, fecundada pelo espirito dos mundos, passa a ter visões sublimes, e ouve vozes celestiais que lhe dizem: "Glória a ti Devaqui! Ele virá auroleado de luz, esse eflúvio puro emanado da grande alma, e as estrelas hão de empalidecer diante do seu esplendor"
Aos pés do Monte Meru nasceu Krishna, nome dado por causa da sua cor morena. Os pastores o chamavam de "radiante" pois bastava a sua presença e o seu sorriso e os grandes olhos para espalhar alegria. Ali, Krishna passa a sua infância. Diz-se que mais tarde, o rei Kamsa, desconhecendo a sua origem, o toma por condutor do seu carro e primeiro conselheiro. Mas, numa ocasião, ao defrontrar-se com o anacoreta Vasixta na floresta, este lhe declara que Krishna é o filho de Devaqui, sua irmã. O rei imediatamente apanhou o seu arco e disparou uma flecha paara matá-lo, mas esta desvia e mata o ancião. Krishna que estava sentado diante do ancião levanta-se, mas o rei foge.
Krishna retira-se para o Monte Merú e fica em meditação durante 7 anos, findo os quais passa a ensinar sua doutrina ao povo. Entrava pelas cabanas e demorava-se nas vilas, ajudando e consolando os pobres. A multidão agrupava-se à sua volta, ouvido-o pregar a caridade para com o próximo e dizendo que os males que afligimos aos outros nos perseguirão como a sombra persegue o corpo. Ele dizia que o homem honesto deve tombar sob os golpes dos maus, e como a árvore do sandalo que, ao abater-se, perfuma o machado que a destruiu. Dizia mais, que quando o homem esquece a sua miséria pela dos outros, Vishnu (Deus entre nós) se manifesta e enche o seu coraçao de ventura. Ele pregava o culto do Eterno e todos se maravilhavam de encontrar Deus tão perto do coração quando o filho de Devaqui falava. A fama do santo de Monte Merú expandiu-se por toda a India.
O rei Kamsa continuava a reinar e certa ocasião mandou prender Krishna, mas os soldados, frente ao profeta, depois de ouví-lo, recusaram-se a cumprir a ordem, dizendo: "nós juramos levar-te ao rei, prêso em cadeias de ferro, mas é impossivel fazê-lo, pois tu nos libertas-te das nossas".
Um dia Krishna entra em Madurá, seguido por seus discípulos e todos o aclamavam sob uma chuva de flores, como o herói do Monte Merú e profeta de Vishnu. O rei, não podendo prendê-lo por causa do povo que o amava, mandou espiões seguí-lo e, numa ocasião que ele orava, flechas criminosas, disparadas pelos arqueiros de Kamsa, fazem-no tombar. Enquanto o sangue brotava dos ferimentos Krishna exclama: "Vasixta, os filhos do sol são vitoriosos". E quando a flecha mortal o atinge ele diz: "aqueles que me amam, entrem comigo na luz". O sol desapareceu, um grande vento se elevou e uma tempestade de neve caiu sobre a terra. O céu escureceu e um turbilhão negro varreu a montanha.
O corpo de Krishna foi queimado por seus discípulos na cidade santa de Duarca. A multidão julgou ter visto o filho de Deus sair dentre as labaredas com um corpo de luz. Desde esse dia, uma grande parte da India adotou o oculto a Vidshnu. Há nesse culto várias divisões, das quais as principais são a seita dos Bhagatas e a dos Pancharatras. O Bhagvad Gita é o principal livro sagrado dos Indus, e assim como o Sermão da Montanha resume a doutrina do Cristo, aquele livro contém toda a doutrina de Krishna.

Fonte: Os grandes iniciados de Edouard Schuré

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