segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O que farei com Jesus ?

Essa foi a indagação de Pilatos, Governador da Judéia, representante do dominador romano, ao povo que aguardava sua decisão sobre o que seria feito a Jesus de Nazaré, acusado pelo clero local de sedicioso e, pois, elemento perigoso à sociedade.
Essa pergunta foi feita após ele, Pilatos, particularmente considerá-lo inocente das acusações que lhe eram imputadas e ter sugerido, à guisa de solução, mandar crucificar um famoso e reconhecido bandido e soltar Jesus. O povo, aos gritos, preferiu que o facínora Barrabás fosse solto.
Pilatos representa na história cristã a vontade vacilante, o juiz iníquo, pois se achava que o Cristo era inocente deveria absolvê-lo "in continenti". Não o fez, porem. Teve medo de perder a sua posição de Governador, tão duramente conquistada. Contrariar o poder do clero local, que exigia a condenação de Jesus, poderia eventualmente enfraquecer sua situação política junto a Cesar. Uma briga com os padres poderia trazer-lhe inúmeros aborrecimento futuros, que deveria evitar. Preferiu assim definir a situação crucificando Jesus e soltando o reconhecido criminoso.
Diariamente o seguidor de Jesus, o cristão, está na mesma posição de Pilatos, o Governador da Judéia. Deve decidir entre as coisas do momento, mundanas, e as coisas eternas, espirituais. Constantemente a sua consciência indica a orientação correta a seguir mas, na maioria das vezes, ao confrontá-la com os seus interesses mais imediatos e os problemas que trará a sua decisão justa, conscienciosa, prefere crucificar esta e tomar outro caminho.
Seguir os ensinamentos de Cristo implica em renúncia, paulatina, do egoísmo, do orgulho, dos bens e das posições terrenas, e quando se trata de colocar em prática essa ordem divina nos atos mais comezinhos da vida, o cristão vacila como Pilatos e prefere manter sua posição, amontoar cada vez mais os bens que vê, aos que são promessas futuras, crucificando então o seu Mestre.
Deve perdoar seus inimigos, orando ainda por eles, mesmo em sendo perseguido. Todavia, quando se vê ofendido, maltratado, espezinhado, esquece sua religião e clama, aos berros pela justiça dos homens, crucifixando seu Mestre.
Ser cristão é difícil. Implica em abandonar um mundo, real para nós, espíritos atrasados, imperfeitos, mas ilusório ao Cristo. Somente quando o discípulo assimila perfeitamente os ensinamentos do Mestre estará apto a lutar por eles. Enquanto isso não ocorrer ele poderá ser chamado de tudo, menos cristão convicto. Este deve viver obedecendo as lições que Jesus deixou, crucificando sempre, em qualquer circunstância, os seus interesses em prol da doutrina que diz professar. Não pode, assim, ser pusilânime como Pilatos, mas ter vontade firme inabalável, como Paulo de Tarso, na estrada de Damasco, indagando sempre como ele: "Mestre, o que queres que eu faça?"

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